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O sistema de partida a frio foi desenvolvido para auxiliar a partida do
motor em dias frios. Mas o sistema só entra em operação quando o tanque de
combustível estiver com mais de 90% de etanol e a temperatura do motor abaixo
de 16ºC, se uma destas condições não existir, o sistema não opera.
Este sistema não é uma inovação, desde a década de 80 alguns carros a
álcool já tinham este mecanismo para ajudar na partida, mas não eram todos, a
grande maioria era necessário puxar o afogador, ou insistir bastante para o
motor pegar. Com isso, as montadoras, com a chegada dos motores Flex, recolocaram
este sistema nos carros, pois se trata da solução mais viável que o afogador.
Tudo isso por conta do combustível etanol, que tem uma dificuldade de
queimar à temperaturas baixas (< 16ºC), seu ponto de fulgor é de 16ºC,
portando não é a temperatura ambiente que determina se o motor funcionará ou
não, e sim a temperatura do combustível.
Funcionamento
do Sistema
Os componentes do sistema são:
· Tanque de 1 litro para a gasolina.
Este tanquinho por medidas de segurança e colocado fora do cofre do
motor, acima da caixa de rodas e dentro do para-lamas, assim em caso de
colisão, a gasolina não é espirrada em cima do motor quente, evitando incêndio.
· Bomba elétrica.
A bombinha é instalada no tanquinho pelo lado de fora, para facilitar a
manutenção.
· Mangueiras flexíveis.
O sistema é composto completamente por mangueiras flexíveis, e são
fixadas na carroceria do automóvel.
· Filtro de combustível.
· Eletro válvula (solenoide).
Esta válvula tem a função de dosar a quantidade de gasolina que irá para
os coletores de admissão. Logo após o motorista girar a chave e as condições de
temperatura e a quantidade de etanol no tanque se satisfazer, esta válvula irá
atuar com pulsos de injeções. Primeiro, a cada volta do virabrequim um pulso,
depois que o motor estiver funcionando, para garantir um funcionamento
adequado, a válvula continuará pulsando, mas agora um pulso a cada dois giros
do motor, e assim sucessivamente até um pulso a cada 8 giros do motor.
Após a eletro válvula, as mangueiras se conectam no coletor de admissão
próximo dos injetores de combustível.
E como mencionado, a eletro válvula só atua se a temperatura do motor
estiver abaixo de 16ºC e o tanque estiver com mais de 90% de etanol. Mas como o
modulo sabe que o tanque esta com esta quantidade de etanol?
Na partida, o modulo recebe sinal de todos os sensores do motor,
inclusive o sensor de temperatura da água. Com relação ao combustível, o modulo
tem a informação do último funcionamento do motor, a sonda lambda enviou
informação para o modulo até o motor ser desligado, a partir daí o modulo
entende qual a quantidade de etanol que estava e esta no tanque. Portanto os
fabricantes recomendam, se o usuário esvaziou um tanque de gasolina e abasteceu
somente com etanol, é necessário rodar com o veículo pelo menos 12 km para que
o sistema de injeção do motor entenda qual é a nova condição de funcionamento
(saindo da relação ar/combustível 13,6:1 para 9:1) e assim na próxima partida
fria do motor o sistema de partida a frio atuará.
Problemas
inerentes
Mas o sistema não é infalível, muito pelo contrário, existem vários
problemas que acontecem.
O mais comum é o motorista esquecer-se de abastecer o tanquinho, e
quando for necessário não tem a gasolina para ajudar na partida. O esquecimento
não acarreta somente este problema, com o longo período que o tanque fica
vazio, o anel de borracha que faz a vedação da conexão bomba elétrica e tanque, resseca,
e fica quebradiço, e quando o motorista lembra de abastecer, a gasolina vaza
por este anel, ocasionando o mal cheiro.
Outro problema é contrário a este, o motorista lembra de abastecer
sempre o tanquinho, mas se a temperatura se manter alta por um longo período ou
o preço do álcool estiver alto e o motorista utilizar gasolina por um
longo período também, aquela gasolina que fica no tanquinho perde a validade,
perdendo assim as suas propriedades, e quando for necessário o uso, a gasolina
não tem o mesmo efeito.
Os outros problemas envolvem falhas nos componentes do sistema, falha na
bomba, entupimento do filtro, falha na eletro válvula, etc.
Por tudo isso existe inúmeras reclamações dos consumidores a respeito
deste sistema. E com isto inúmeros conselhos dos ditos técnicos para o uso
deste sistema, por exemplo, não misturar etanol e gasolina no tanque, pois
assim (eles dizem) o sistema de injeção fica louco e acarreta falha. Não usar o
etanol. Etc. Tudo bobagem. Na verdade é que o projeto mesmo é propicio a falha, pensando
nisto e também no custo deste sistema tradicional a Bosch, Magnetti Marelli e Delphi já desenvolveram soluções para o
problema.
Inovações na
partida dos motores Flex
As três empresas
estudam este problema a algum tempo, e após o período de pesquisa chegaram a
conclusão de que a melhor maneira de dar a partida com etanol é esquentando o
mesmo. Então a Bosch desenvolveu o Flex-Start em parceria com a VW, que
consiste em uma espécie de resistência elétrica em cada injetor para aquecer o
etanol e injeta-los na câmara a uma temperatura ideal de trabalhos, elevando a temperatura do combustível desde -5ºC, a
valores de 20º à 30ºC, isso em no máximo 12 segundos. A
Magnetti Marelli também desenvolveu um sistema parecido, mas a resistência esta
na flauta dos injetores,
que segundo eles é mais eficiente, podendo elevar a temperatura do combustível
até a 40ºC. A Delphi diz ter um sistema que apenas um injetor fica encarregado
de aquecer o combustível.
Mas tudo
isso além de ajudar na partida fria do motor, também melhora o consumo de
combustível e reduz as emissões de gases, por conta que na partida de qualquer
motor, o regime de aquecimento demanda uma pequena aceleração,
justamente para aquecê-lo mais rápido, isso eleva o consumo e as
emissões por conta de que a câmara de combustão não esta na temperatura
ideal de funcionamento dificultando a queima do combustível e aumentando o nível
de HC nos gases de escape. Pensando nisto as montadoras estão estudando se
seria interessante o uso deste sistema também quando o tanque esta com
gasolina, pois as novas leis de emissões que entraram em vigor em 2014 serão
mais apertadas e vão fiscalizar também a partida a frio do motor.
O
problema de tudo isto é que necessitará de uma bateria maior do motor, fiação
com diâmetros maiores e um modulo extra para gerenciar as temperaturas do combustível e das resistências, mas este modulo não pode ser interno no ECM do
motor, pois trabalha com uma intensidade de corrente muito elevada justamente por conta das
resistências. E o pacote Flex-Start inclui o aumento considerável
na pressão do combustível (de 4 para 6 bar) e bicos injetores com 12 furos, em
vez de quatro. As duas mudanças servem para diminuir as gotículas de combustível
(de 100 para 60 microns) e, assim, melhorar a mistura na câmara de combustão. E mesmo com tudo isto, o Flex-Start é mais barato do que o sistema com tanquinho. Vale a pena o investimento.
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