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A Renault anunciou recentemente para o mercado brasileiro atualizações
em sua gama de produtos. Dessa vez a marca apresenta as novidades na linha 2013
do Sandero, Sandero Stepway e do Logan. Os três modelos agora apresenta uma
nova motorização 1.6 litro com 8 válvulas, totalmente desenvolvida no Brasil e
chamada de Hi-Power, que vem para substituir o anterior Hi-Torque.
Este novo motor oferece mais desempenho e ao mesmo tempo economia no consumo de combustível. Em comparação com o antigo Hi-Torque 1.6l 8V, este novo disponibiliza mais potência em baixas rotações, que consequentemente entrega ao eixo de saída 85% do torque a partir das 1.500 rpm, o que permite ao veículo ser mais ágil na saída, como também nas retomadas, este ganho de potência esta na faixa de 10% quando abastecido com etanol.
Potência e
Torque
Etanol: 106 cv @5500 rpm / 15,5 m.kgf @2850 rpm
Gasolina: 98 cv @ 5500 rpm / 14,5 m.kgf @ 2850 rpm
Estes números foram atingidos por conta de um intenso trabalho que levaram ao todo 36 meses, 7 mil horas de engenharia e 40 protótipos para ensaios e testes, tudo isso para realizar mudanças em diversas partes do motor, sendo o projeto realizado totalmente no Renault Tecnologia Américas (RTA) em Curitiba.
As mudanças
Foram modificados desde o design de algumas peças o até material, peso e
processos de produção que no contexto geral formaram um motor mais eficiente e
mais próximo a realidade que estamos vivenciando hoje em dia, de motores mais
ecológicos que aproveitam mais e energia disponível nos combustíveis.
· A principal mudança veio na taxa de compressão, que no motor Hi-Torque era de 9,5:1
e passou a ser 12:1.
Isso traz um ganho enorme para o motor, principalmente para o objetivo
que a Renault estava buscando, mais potência disponível em baixas rotações.
Existem algumas estratégias para se conseguir o mesmo resultado, como
por exemplo, coletor de admissão de geometria variável, comando de válvula
variável, supercharger, aumento da taxa de compressão, etc.
Como
se pode observar no gráfico abaixo, com o aumento da taxa de compressão
permite-se um aumento no rendimento volumétrico do motor (ηv),
isso para motores de aspiração natural, garantindo uma maior carga de ar para
os cilindros principalmente em baixas rotações, onde a pressão de escape é
maior que a pressão de admissão.
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E assim o motor produz mais potência em baixas rotações (~27 cv @ 1500 rpm) disponibilizando mais energia e torque nas rodas em arrancadas.
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- Nova calibração no modulo eletrônico do motor, possibilitando maior input de dados e um maior ajuste nos parâmetros da ignição, pois com a maior taxa de compressão existe a maior probabilidade de detonação (Knock) fazendo-se necessário com maior rapidez o atraso da ignição.
- Mudanças nos materiais das bronzinas de mancais das bielas e virabrequim, para maior resistência ao desgaste e fadiga.
- Uma junta de cabeçote com três camadas, sendo a camada do meio metálico, isso para aumentar a resistência e vedação dos cilindros, pois com a maior taxa de compressão a imposição sobre esta junta se intensifica.
- Novo eixo comando.
- Bielas sendo forjadas em aço, permitindo redução de
peso (reduzindo de 532 g para 501 g, cada) além da adoção do processo de fratura
da capa da biela, que melhora a junção das duas peças.
- Pistões com novo Design, reduzindo a massa e com o desenho de saias assimétricas, para melhorar o equilíbrio devido ao aumento da taxa de compressão, além da aplicação de grafite nas saias diminuindo o atrito com a camisa.
- Adoção do 5º bico injetor no corpo de borboleta, para a partida a frio.
Comentários finais
O motor não sofreu grandes transformações em nível de inovação
tecnológica, mas mostra a preocupação da marca em seguir inovando, pois estamos
num período onde a pesquisa de motores mais eficientes está a todo vapor, mas
algumas modificações neste motor (Hi-Power 1.6l 8V) deixaram algumas dúvidas no
ar.
Como por exemplo, o 5º injetor no corpo de borboleta e o trem de
válvulas permanecer com 8 válvulas.
No caso do 5º injetor no corpo de borboleta, ao meu entender, vem
adicionar mais custo ao motor do que benefícios, pois se tem a adição de mais
um bico injetor, mais um conector ao chicote do motor, mais alguns inputs ao
modulo eletrônico do motor, além de que manteve o tanquinho de gasolina para a
partida a frio, sendo que já existem sistemas que não necessitam mais deste
tanquinho, e com o bico injetor tão distante da câmara de combustão (lembrando
os motores monoponto) aumenta-se o consumo de gasolina deste tanquinho, pois a
gasolina que não vaporiza se deposita dentro do coletor de admissão, não sendo
aproveitado pelo motor, é claro que esta perda não é tão grande, pois o sistema
só funciona na partida a frio, mas é um consumo desnecessário.
Enquanto que no caso do trem de válvulas, já que a Renault fez diversas
modificações no motor, não seria interessante fazer também a modificação do
sistema para 16V ?
Assim
se conseguiria um aumento ainda maior no rendimento volumétrico e na potência
em baixas rotações. É claro que mais uma modificação demanda tempo e dinheiro,
ainda mais neste mundo corrido que é na indústria automotiva, mas os benefícios
poderiam ser maiores, talvez uma potência de 125 cv e um torque próximo de 16
m.kgf.